A recuperação econômica necessária ao Brasil pós-pandemia de covid-19 poderá ocorrer impulsionada pelo desenvolvimento do setor de gás natural. Será necessário muito trabalho para que esse sonho se concretize, mas não faltam perspectivas otimistas se as medidas adequadas forem adotadas.
Para se ter uma ideia, caso haja sucesso na liberalização do mercado de gás natural, com queda no valor do preço final em 50%, os investimentos do setor poderão, em 2030, atingir R$ 155 bilhões ao ano. Este cálculo consta no estudo “Impactos Econômicos da Competitividade do Gás Natural”, lançado recentemente pela Confederação Nacional da Indústria. A íntegra do trabalho pode ser acessada aqui.
A redução dos preços aumentará a demanda e poderá triplicar o consumo de gás natural para a indústria. Deverá, ainda, resultar em ganhos para a balança comercial da indústria energointensiva, com redução drástica do déficit atual e potencial de superávit em 2030.
O aumento no consumo de gás natural pela indústria terá um significativo impacto positivo para o meio ambiente já que esse insumo tem menor emissão de gases poluentes se comparado a outras fontes fósseis. Considerando o cenário de redução do preço do gás natural pela metade, importantes segmentos industriais poderiam substituir até 80% do carvão mineral por gás natural. O insumo é o principal energético da transição para uma economia de baixo carbono, mediante sua utilização na geração de energia elétrica, na produção de calor, como matéria-prima ou como combustível em veículos.
A CNI acredita que o Brasil tem muito a ganhar com a abertura do mercado de gás natural. Nesse sentido, aposta na aprovação do Projeto de Lei nº 6.407/2013, que já foi aprovado na Comissão de Minas e Energia da Câmara e tramita em regime de urgência, aguardando a inclusão na pauta do plenário.
O PL é a principal vertente para que, de fato, aconteça o tão esperado choque de energia barata, anunciado pelo governo federal em junho de 2019 no lançamento do Programa “Novo Mercado de Gás”. A aprovação do PL oferecerá a segurança jurídica necessária para a abertura do mercado e promoção da competição, tão necessária à queda dos preços.
Superar a crise econômica que o País se encontra é um grande desafio. Para enfrentá-lo, será necessário caminhar na direção de um mercado de gás natural mais aberto, competitivo e com preços atrativos. Não podemos perder a oportunidade de transformar o gás natural no combustível da recuperação econômica brasileira.