Chamada adota novo sistema de seleção de pesquisas, mais inclusivo e colaborativo. Projetos submetidos serão avaliados por mérito científico em condição de duplo anonimato e revisão cruzada por pares.
O Sirius, a fonte de luz síncrotron brasileira , projetada e operada pelo Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização supervisionada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), abre chamada regular de propostas de pesquisas para as suas seis primeiras estações experimentais. Entre 8 de novembro e 15 de dezembro, pesquisadores interessados em realizar experimentos no Sirius poderão submeter sua proposta.
As propostas serão selecionadas por um processo que privilegia o mérito científico, avaliado através de sistema de revisão por pares com duplo anonimato. A alocação final de tempo de feixe nas estações de pesquisa será realizada considerando também as distribuições geográficas e a diversidade de áreas científicas.
“Sirius foi projetado para alavancar pesquisas nas mais diversas áreas, e nós encorajamos a diversidade de ideias. Por essa razão, desenhamos um fluxo de avaliação objetivo e imparcial, no qual uma proposta de pesquisa será analisada por múltiplos pontos de vista. Esperamos receber propostas científicas que miram problemas estratégicos, com hipóteses bem desenhadas que possam ser testadas no Sirius, inclusive de grupos sem experiência no uso de técnicas de luz síncrotron”, esclarece Harry Westfahl Jr., diretor do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron/CNPEM, responsável pela operação do Sirius.
Além de não ter custos para uso acadêmico, pesquisadores de instituições brasileiras e estrangeiras que residam em países da América Latina e Caribe, com propostas aprovadas, podem solicitar auxílio financeiro para a utilização das instalações do Sirius e viagem à Campinas-SP. Os experimentos das propostas selecionadas nesta chamada serão agendados durante o ano de 2023, a partir de 1 março. Uma nova chamada de pesquisas deve ser aberta no segundo trimestre de 2023.
“A abertura regular das primeiras estações de pesquisa do Sirius à comunidade científica é o marco mais importante do projeto, na minha opinião. Essa chamada pode beneficiar as mais diversas áreas, como biologia, geologia, engenharia, física e química. Para isso, é fundamental defendermos as melhores condições para a ciência do País. Nossos usuários precisam de estrutura em seus laboratórios para fazer perguntas, gerar boas hipóteses, realizar os primeiros testes, para depois virem ao Sirius. É fundamental que tenhamos todo um sistema de ciência e tecnologia muito bem estruturado e, principalmente, investimentos contínuos na formação de recursos humanos para colher bons resultados em um dos equipamentos mais avançados do mundo”, comenta Antonio José Roque da Silva, Diretor-Geral do CNPEM.
Mais informações sobre submissão de propostas e auxílios financeiros podem ser consultadas em Informações para Usuários – LNLS (cnpem.br) e também é possível entrar em contato com o corpo técnico do LNLS para esclarecimento de dúvidas no formulário abaixo.
Linhas de luz em operação
A primeira chamada regular de pesquisas para o Sirius contempla 6 linhas de luz, como são chamadas suas estações experimentais. Essas linhas operam de forma independente e simultânea e já passaram pela fase de comissionamento científico – quando pesquisadores testam parâmetros da máquina e as técnicas disponíveis em experimentos reais. As linhas de luz e os experimentos disponíveis nesta chamada são:
- CARNAÚBA: Micro e nano-fluorescência e espectroscopia de raios X e pticografia. Realiza análises dos mais diversos materiais nano-estruturados, visando a obtenção de imagens 2D e 3D com resolução nanométrica da composição e estrutura de solos, materiais biológicos e fertilizantes,além de outras investigações nas áreas de ciências ambientais.
- CATERETÊ: Imagem por difração coerente (pticografia) e espectroscopia de correlação de fótons de raios X (XPCS). Otimizada para a obtenção de imagens tridimensionais com resolução nanométrica de materiais para as mais diversas aplicações.
- IPÊ: Espectroscopia de absorção (XAS) e de fotoelétrons excitados por raios X (XPS). Essa linha é otimizada para estudar a distribuição dos elétrons em átomos e moléculas presentes em interfaces líquidas, sólidas e gasosas. Permite sondar como as ligações químicas ocorrem nas interfaces de materiais como catalisadores, células eletroquímicas, materiais sujeitos a corrosão, ou ainda como a corrente elétrica se propaga em diferentes materiais, desde isolantes até supercondutores.
- EMA: Difração e espectroscopia de raios X em altas pressões. As técnicas disponíveis nesta linha permitem a investigação de materiais submetidos a condições extremas de temperatura, pressão ou campo magnético. O estudo da matéria nessas condições pode revelar novas propriedades com características que não existem em condições ambientes Este é o caso, por exemplo, dos materiais supercondutores, capazes de conduzir correntes elétricas sem resistência, com o potencial de revolucionar a transmissão e o armazenamento de energia.
- IMBUIA: Micro e nano-espectroscopia de infravermelho (FTIR). Esta estação experimental é dedicada a experimentos utilizando a luz infravermelha, que permite a identificação dos grupos funcionais de moléculas e a análise da composição de praticamente qualquer material, com resolução nanométrica.
- MANACÁ: Micro cristalografia de Macromoléculas (MX). Equipada com instrumentos que permitem revelar estruturas tridimensionais de proteínas e enzimas com resoluções atômicas, revelando a posição de cada um dos átomos que compõem uma determinada proteína estudada, suas funções e interações com outras moléculas, como as usadas como princípios ativos de novos medicamentos.
A submissão de propostas de pesquisa à linha MANACÁ segue a modalidade Fast Track – esta linha de luz está aberta para submissões em fluxo contínuo, sem qualquer interrupção, conforme adotado anteriormente durante a fase de comissionamento científico.
Avaliação 360
Para que todas as propostas sejam avaliadas por múltiplos pontos de vista de especialistas, será adotado um novo esquema de avaliação distribuída, onde todos os proponentes da chamada também serão potenciais revisores para a mesma chamada, dentro das suas áreas de atuação. Pelo menos cinco revisores avaliarão cada proposta.
“Os avaliadores não terão acesso aos nomes dos proponentes e suas instituições de origem. Pronomes de gênero também não vão constar nas propostas de pesquisa. Para atender ao anonimato, os autores deverão remover qualquer linguagem que identifique pesquisas publicadas anteriormente por seu grupo, para eliminar qualquer viés dos revisores”, enfatiza o diretor.
O sistema de análise também se aplica às pesquisas conduzidas pelos grupos científicos do CNPEM.
Fonte: cnpem – Sirius abre nova chamada para receber propostas de pesquisa