Quase 7 milhões de testes para covid-19 mantidos em estoque pelo governo federal com validade para dezembro e janeiro poderão ser usados até abril de 2021. Nesta quarta-feira (9), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a extensão do prazo, segundo Cristiane Jourdan, diretora da instituição.
De acordo com Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, em declaração realizada na semana passada, a prorrogação já estava programada, mas era necessário o aval da agência para a aplicação das novas datas. Jourdan ressaltou que a decisão obedeceu critérios técnicos e que a análise levou a um parecer favorável – algo motivado, principalmente, pelo aumento de casos de infectados no mundo todo.
“Como consequência desse cenário, [surgem] a importância da testagem para enfrentamento da pandemia, aumento da demanda, possibilidade de haver escassez e eventual desabastecimento do produto”, explicou. Ainda assim, para atestar a eficácia dos kits, estão programadas avaliações mensais, assim como o monitoramento de todas as fases de manipulação dos medicamentos, como transporte e armazenamento.
Disponibilidade e queda de exames
Exames do tipo RT-PCR são considerados padrão-ouro pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a detecção direta do novo coronavírus em secreção respiratória. No total, o montante armazenado pelo Ministério da Saúde custou R$ 290 milhões à União, revelou o jornal O Estado de S. Paulo. Em nota, o órgão afirmou que eles “são distribuídos de acordo com as demandas dos estados.”
Entretanto, a falta de materiais para processar as amostras dos testes foi apontada pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) ao Governo “diversas vezes”: “Os entraves ainda não estão resolvidos. O contrato que permitia o fornecimento de insumos e equipamentos necessários para automatizar e agilizar a primeira fase do processamento das amostras foi cancelado pelo Ministério da Saúde. […] É fundamental que uma nova contratação seja feita e a distribuição dos insumos seja retomada em tempo hábil.”
Especialistas, por sua vez, caracterizam o RT-PCR como essencial para rastrear e frear o avanço da pandemia, já que os resultados indicam uma “fotografia” do nível de contaminação. Mesmo com a suposta disponibilidade dos kits, houve uma queda de testagens em setembro e outubro de 2020 – sendo que pouco mais de 5 milhões de exames desse tipo foram feitos na rede pública até 22 de novembro, destaca o G1.