Levantamento exclusivo mostra que essas capitais e o Distrito Federal já têm leis que permitem instalar os dispositivos, que precisam ficar no alto de prédios ou em postes de iluminação pública. A tecnologia chega ao Brasil em três meses.
Faz pouco mais de três anos que o mundo começou a usar a quinta geração da rede de telefonia móvel, o 5G. No Brasil, as coisas demoraram mais: só daqui a 90 dias essa tecnologia deverá estar disponível em 26 capitais estaduais e no Distrito Federal. Mas a infraestrutura para isso acontecer ainda não está completa.
“Acaba que a ligação acaba caindo, às vezes trava, congela a imagem. Aí acaba que ela desliga e não quer mais atender. Pela idade, tem menos paciência, né?”, conta a dona de casa Claudia Dias, mostrando a dificuldade de falar com a mãe em uma videochamada.
Com a chegada do 5G, a promessa é que a velocidade da conexão seja até 100 vezes maior que a atual.
A nova tecnologia também deve ser um avanço para medicina. Um médico em um grande centro poderá operar o paciente a milhares de quilômetros de distância com a ajuda de um robô.
“Não apenas em uma cirurgia remota, mas, por exemplo, na aquisição de uma imagem remotamente, onde o profissional não esteja no próprio local. Isso pode ser feito à distância, desde que exista de fato uma conexão mais segura do que a 4G”, explica o presidente do Hospital Albert Einstein, Sidney Klajner.
Nessa primeira fase, as operadoras são obrigadas a levar a nova tecnologia a todas as capitais brasileiras e ao Distrito Federal até o dia 31 de julho deste ano. As operadoras dizem que estão encontrando um obstáculo. É que para criar a infraestrutura que vai transmitir o sinal 5G, as prefeituras precisam aprovar a lei municipal que permita a instalação dos equipamentos.
Das 26 capitais, apenas 10 e o Distrito Federal já têm leis que permitem instalar os dispositivos, que precisam ficar no alto de prédios ou em postes de iluminação pública. No 4G, uma torre manda o sinal para um bairro inteiro. Já as ondas do 5G são mais curtas e, por isso, serão necessárias dez vezes mais dispositivos como os que vêm sendo usados em Nova York.
“É um procedimento que não se faz da noite para o dia. É necessário um tempo de locação, de identificação dos locais, contratação e licenciamento. E sim, se a gente pensar por esse prisma, está em cima da hora para implantar o 5G nas capitais brasileiras”, afirma Luciano Stutz, porta-voz do Movimento Antene-se.
Uma empresa de tecnologia da informação em Goiânia desenvolve softwares para o agronegócio, para empresas e hospitais. Para que funcionem com o máximo de eficiência, precisam do 5G.
“A gente pega o mesmo produto e testa em outro país, onde a gente tem as nossas filiais, e funciona maravilhosamente bem e dá para deslanchar um produto e um portfólio muito interessante para aquela região. Agora a necessidade é no Brasil. Se não tem a legislação, eu não tenho como fazer a conexão dentro desse movimento que está se criando de evolução tecnológica”, diz o empresário Rubens Fileti.
Celulares mais modernos já têm acesso aqui no Brasil a uma tecnologia chamada de 5G DSS, que é mais rápida do que o 4G. O 5G terá faixas de frequências, espécie de avenidas próprias, diferentes das do 4G.
Quem tem celular 3G ou 4G não precisa se preocupar, porque não vai ficar sem sinal. As duas tecnologias vão continuar existindo e vão conviver com o 5G.
A Confederação Nacional dos Municípios declarou que tem cobrado ajuda do governo federal para contratar técnicos e atualizar os cadastros para a instalação da rede 5G.