Aproveitar as oportunidades e se posicionar parece ser uma dificuldade que o Brasil tem. Quanto à Inteligência Artificial (IA), no entanto, o ano de 2021 tem sido de superação. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações publicou a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (EBIA) e o seu debate está acontecendo em fóruns abertos para a sociedade civil. Também, recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou o PL 21/2020, do Marco Legal da Inteligência Artificial, que agora tramitará no Senado Federal.
Embora sejam os primeiros passos, tais políticas públicas estão no cerne de um país que anseia um futuro diferente e que participe e desfrute das possibilidades em curso pela transformação digital. Esses elementos são fundamentais para a promoção de um ambiente de confiança e segurança, onde a utilização e a inovação propiciadas pelo desenvolvimento da IA possa florescer de maneira consciente e ética.
Para 2024, a Brasscom prevê que o país deverá receber R$ 11,5 bilhões em investimentos em Inteligência Artificial. Para que tais aportes cheguem ao Brasil, é necessário gerar condições para o desenvolvimento e a adoção de soluções em IA – seguindo uma abordagem global baseada na gestão de riscos e na regulação principiológica, e não criando barreiras ex-ante que podem inibir as vantagens competitivas do país.
Vale ressaltar a relevância da adoção de tecnologias de IA e suas aplicações de soluções tecnológicas nos diferentes setores da sociedade, como segurança, saúde, meio ambiente, transportes, agricultura, varejo, energia, entretenimento, telecomunicações, serviços financeiros. O aumento da oferta, da acessibilidade e da inclusão aos serviços públicos é outro diferencial, além de torná-los mais eficientes. Tais oportunidades visam melhorar no nosso cotidiano, a qualidade de vida e a produtividade, com a eficiência na tomada de decisão, além de reduzir custos ao otimizar os recursos. As tecnologias digitais permitem a prestação de serviços personalizados e de qualidade, essenciais para atender às expectativas do cidadão na Era Digital.
Prática
Um exemplo dos benefícios trazidos pela adoção da IA no Brasil é a criação de tecnologia capaz de reduzir o risco de quedas em ambientes hospitalares, problema recorrente em internações. A Microsoft Brasil, em parceria com o Hospital 9 de Julho, desenvolveu solução de IA que, entre outras atividades, monitora os pacientes e emite alerta à equipe hospitalar em caso de quedas, permitindo que os profissionais possam imediatamente verificar a situação ocorrida.
A adoção da IA, diferentemente do que o senso comum acha, gera novas oportunidades de trabalho, com competências e perfis profissionais voltados para a realização de atividades cognitivas, dinâmicas e intelectuais. O Macrossetor de Tecnologia da Informação e Comunicação vem apresentando uma crescente de contratações, além de contar com remunerações substancialmente maiores que o salário médio nacional, e essas iniciativas corroboram com esse cenário auspicioso.
É fato que o incremento, incentivo e treinamento dos recursos humanos é essencial para que as oportunidades trazidas pela IA se materializem e, por aqui, gerem externalidades. Nesse sentido, é importante o estímulo, público e privado, em ações de capacitação e qualificação profissional que incluam competências da realidade da IA.
O Brasil ainda tem um longo caminho até a plena adoção da IA. O início está correto, na busca da uniformização e fortalecimento da governança para o fomento e o desenvolvimento dessa tecnologia, de modo a conferir coerência às ações sobre o tema e segurança jurídica na atração dos investimentos.
No entanto, precisa estar no radar que a educação e formação de talentos é estratégico para que possamos desfrutar e aproveitar as oportunidades trazidas pela Inteligência Artificial. Dessa forma, o país continuará o seu processo de transformação digital e se alinhará aos países que já anunciaram medidas de promoção, uso e o desenvolvimento da IA, como Estados Unidos, Austrália, Canadá, França, Japão e China.
Larissa Militão, formada em Relações Internacionais, com pós-graduação em Administração de Empresas e, atualmente, cursa especialização em Assessoria Política. Já atuou em consultoria de relações governamentais e, hoje, desempenha a função de analista de Relações Governamentais e Institucionais na Brasscom, secretariando o Grupo Temático de Trabalho de Regulação e Internet.
Sergio Sgobbi, graduado em Ciências Sociais pela Unesp e Administração pela Uniara, doutorando em Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente. Atuou como consultor em gestão empresarial para micro e pequenas empresas para o Sebrae/SP e facilitador de cursos nas áreas de RH e Gestão Estratégica de Negócios. Desempenhou a função de Secretário de Desenvolvimento Econômico do Município de Araraquara. Desenvolve na Brasscom a função de diretor de Relações Institucionais e Governamentais.
Por: Larissa Militão e Sergio Sgobbi
Fonte: tiinside