Com a atualização dos requisitos de uso em radiação restrita na faixa de 6 GHz, o Brasil foi o primeiro país a concluir a regulamentação dessa fatia do espectro para aplicações tanto em potência muito baixa (VLP) como em baixa potência indoor (LPI).
Há países no caminho, como o Canadá. Nos Estados Unidos, a FCC regulamentou o uso de baixa potência indoor, mas ainda não liberou o VLP. Na Coreia, ao contrário, o avanço foi para uso em potência muito baixa, não LPI. A Anatel tratou de ambos.
Nesse caminho, também foi autorizado o uso outdoor de dispositivos de potência muito baixa. Alguns setores industriais, notadamente o automobilístico, até pediram maiores restrições a esses dispositivos, por conta do desenvolvimento do sistema de transporte inteligente (ITS, na sigla em inglês). A agência entendeu que há proteção suficiente em -27 dBm/MHz e por já se tratarem de equipamentos de radiação restrita.
Por outro lado, a Anatel deixou para mais à frente a liberação do uso de potência padrão (SP) e maior flexibilidade para uso outdoor, como queria pelo menos parte das empresas de menor porte. Isso acontece nos EUA, mas associado a um sistema de coordenação automática de frequência (ou AFC).
Lá, como aqui, parte os 1.200 MHz agora liberados para uso não licenciado – entre 5.925 MHz e 7.125 MHz – são usados para outros serviços, como acessos ponto a ponto ou o SARC, que trata dos links móveis de televisão, por exemplo, especialmente em 7.025 a 7.125 MHz.
Para melhor convivência, o AFC é um sistema que mapeia todos os usuários ativos, de forma a permitir potências maiores sem risco de interferência. Mas ele ainda está em implantação nos EUA, e a decisão na Anatel foi aguardar pelos resultados.
“O AFC permite saber quem está licenciado e em operação, portanto qual a frequência e potência pode usar. Mas se trata de uma base de dados paga e que não é da agência, então implica estudar também o próprio modelo. A gente vai acompanhar a experiência e queremos em um segundo momento trazer isso para o Brasil”, diz o gerente de Espectro, Órbita e Radiodifusão da Anatel, Agostinho Linhares.
A julgar pelo que acenou a indústria ao regulador brasileiro, novos equipamentos como roteadores, dongles e até celulares compatíveis com Wi-Fi 6E chegarão muito em breve ao mercado. “Como opera sem legado, o Wi-Fi 6E em 6 GHz tem uma faixa toda ‘limpa’, o que permite melhor desempenho”, completa Linhares.
Fonte: ConvergenciaDigital