“A pergunta que temos que fazer é como vamos trabalhar com as máquinas, porque têm profissões que dependem da compaixão humana e que vão trabalhar junto com IA”, disse Jefferson Denti, chief disruption officer e líder do AI Institute na Deloitte Brasil, ao abrir a apresentação de dados de estudo que a Deloitte conduziu com cerca de 2.800 líderes globais.
Entre os principais destaques, o estudo apontou que três quartos dos entrevistados disseram esperar que a inteligência artificial generativa (GenAI, na sigla em inglês) transforme suas organizações dentro de três anos. Apenas um quarto dos líderes afirmou acreditar que as suas organizações estão “altamente” ou “muito altamente” preparadas para abordar questões de governação e de risco relacionadas com a adoção da GenAI e 47% concordam que as suas organizações estão educando suficientemente os funcionários sobre as capacidades, benefícios e valor da GenAI. Além disso, mais de metade relatou estar preocupada com o fato de a utilização generalizada da GenAI aumentar a desigualdade económica (51%).
Mas por que a inteligência artificial generativa está tão em evidência agora? À parte do lançamento do ChatGPT que mostrou ao mundo o potencial da tecnologia, nunca o mundo teve tantos dados e é esse grande volume de dados que permite aumentar a inteligência coletiva, apontou Denti. Ele assinalou ainda os algoritmos mais sofisticados e a alta capacidade de processamento. “IA não resolverá todos os problemas, mas temos uma tecnologia que é capaz de gerar conteúdo e vem acontecendo de forma massificada, por isso é uma revolução”, avaliou o executivo.
Os usos de inteligência artificial generativa estão — até agora — relacionados à velocidade de execução, à redução de custos, à redução de complexidade, à confiabilidade fortificada, à inovação amplificada e ao engajamento. “A grande diferença é que inteligência artificial generativa trabalha com todos os tipos de dados e o conceito de all data muda totalmente o parâmetro”, explicou Denti.
A pergunta que fica é como o Brasil se insere neste contexto e como pode gerar competitividade. Para o chefe de disrupção e líder do AI Institute na Deloitte Brasil, a diversidade geográfica e de cultura, somada ao volume de pessoas, pode ser o fator-chave de diferenciação e o que pode fazer do Brasil um celeiro de IA.
Entre as boas práticas para se buscar, Denti enumerou algumas. Segundo ele, adaptação, experimentação e agilidade são críticos na medida em que novos modelos, capacidades e casos de uso emergem mais rapidamente. Escalar os experimentos para aumentar o aprendizado. “Passamos pelo momento de diversificar. A pergunta é como ter ganho com modelo de negócios com inteligência artificial generativa e como se diferenciar com GenAI”, clamou. Além disso, recomendou não se contentar com ganhos de eficiência que a IA generativa traz e, sim, procurar maneiras de se diferenciar, além de considerar objetivos da organização quando estiver decidindo entre comprar e construir a inteligência artificial generativa.
Para tanto, a capacitação é fundamental, além de envolver e valorizar a força de trabalho humana mais do que nunca e não ignorar a mitigação de riscos. “Muita atenção na mitigação de risco. Estamos usando dados externos, têm propriedade intelectual, fakes, atritos de riscos e uma boa prática é ter estrutura dedicada aos riscos associados”, explicou.