GUANGZHOU — XPeng, EHang e outras empresas chinesas estão comercializando carros voadores este ano, aproveitando as vantagens do país em tecnologias de carros elétricos para reivindicar uma grande parte do mercado global emergente.
XPeng AeroHT, uma subsidiária da startup de veículos elétricos, pretende vender um veículo elétrico de decolagem e aterrissagem vertical (eVTOL) de modo duplo, que pode dirigir em terra como um carro e destacar um módulo de voo para viagens aéreas.
“Veículos eVTOL normais não podem dirigir no chão, mas nosso modelo é de uso duplo”, disse Qiu Mingquan, vice-presidente da XPeng AeroHT.
A Administração de Aviação Civil da China começou sua revisão de certificação de tipo para a aeronave, um requisito para operação comercial.
A XPeng AeroHT começará a aceitar pré-encomendas na China já em outubro, com planos de iniciar a produção em massa o mais rápido possível no próximo ano. A demanda é esperada de empresas relacionadas ao turismo e entusiastas ao ar livre.
A aeronave será precificada na faixa de 1 milhão de yuan (US$ 138.000). Qiu disse que a empresa espera eventualmente reduzir o preço para centenas de milhares de yuan.
“Se a produção em massa em grande escala se tornar possível, podemos reduzir drasticamente os custos” para materiais como fibra de carbono, disse ele.
A empresa planeja expandir-se para o exterior. “O Oriente Médio é um mercado importante para nós, dado o nível de regulamentação, abertura para novidades e custo”, disse Qiu.
A empresa também visa comercializar uma aeronave eVTOL de uso duplo integrada que não requer separação, na qual a hélice de voo é dobrada e armazenada no topo do veículo ao dirigir. Um modelo conceitual foi mostrado em uma feira de tecnologia em Las Vegas em janeiro.
A EHang obteve certificação de tipo para seu modelo EH216-S em outubro. O biplace pode voar por 25 minutos com uma única carga. Ele foi colocado à venda em 1º de abril por 2,39 milhões de yuan na China e US$ 410.000 em outros lugares.
No mês passado, a startup recebeu autorização para produzir em massa a aeronave. Espera-se que faça parceria com hotéis e outros negócios para comercializar serviços de turismo.
“Recebemos consultas do Oriente Médio e do Sudeste Asiático”, disse o vice-presidente He Tianxing.
A China representa 50% dos modelos totais de eVTOL do mundo, de acordo com um relatório da China Merchants Securities no mês passado, muito acima dos 18% dos EUA e dos 8% da Alemanha.
Por trás do rápido progresso do setor de carros voadores da China está a acumulação de tecnologias relacionadas a EV, incluindo baterias.
Diz-se que as baterias para veículos eVTOL requerem uma alta densidade de energia de mais de 400 watt-horas por quilograma de peso. Fabricantes de baterias chineses, como a CATL, líder global em baterias de veículos, estão desenvolvendo produtos para aeronaves eVTOL, dando aos fabricantes chineses uma vantagem na aquisição.
Muitas tecnologias podem ser compartilhadas entre os negócios automotivos e eVTOL. A CITIC Securities disse que “a tecnologia de fabricação de automóveis que reduz o peso está apoiando a realização de carros voadores.”
O principal fabricante de automóveis estatal Guangzhou Automobile Group está desenvolvendo o veículo eVTOL GOVE, no qual a seção da aeronave se separa do chassi do veículo, com voos de teste previstos para começar no próximo ano.
A subsidiária da Geely, Aerofugia, fabrica uma aeronave eVTOL que pode acomodar seis pessoas e voar longas distâncias.
Muitas cidades chinesas enfrentam sérios congestionamentos de tráfego, aumentando as expectativas de que os veículos eVTOL ofereçam meios alternativos de transporte e logística.
Os negócios eVTOL, de drones e helicópteros na China são coletivamente conhecidos como economia de baixa altitude. O Partido Comunista Chinês disse em uma conferência em dezembro que trabalharia para fomentar a economia de baixa altitude este ano, juntamente com as indústrias de biotecnologia e espaço.
Os governos locais também estão fornecendo apoio. Shenzhen começou medidas em dezembro para apoiar empresas no campo para impulsionar o capital e expandir a produção. Guangzhou também anunciou planos para estabelecer uma área para testes de campo para negócios relacionados.
No entanto, obstáculos ao uso generalizado permanecem. Ainda há poucos pontos de decolagem e aterrissagem, e as regras de tráfego para motoristas individuais ainda não estão em vigor.
“Seremos forçados a voar relativamente pouco nos próximos anos”, disse um executivo de uma empresa eVTOL.
Gerar lucro também não é fácil. EHang teve um prejuízo líquido de 300 milhões de yuan no ano passado. As empresas ainda não conseguem realizar reduções de custos de produção em massa.
Em novembro, o vendedor a descoberto dos EUA, Hindenburg Research, questionou a validade da certificação de tipo da EHang e dos números de pré-encomenda, acusações que a empresa negou.
Para capturar uma ampla gama de demanda, os fabricantes de aeronaves eVTOL estão de olho nos mercados estrangeiros.
Espera-se que o mercado global de eVTOL alcance US$ 23,4 bilhões em 2030, cerca de 19 vezes o tamanho do ano passado, de acordo com empresas de pesquisa Global Information e MarketsandMarkets. Além da China, espera-se crescimento na América do Norte, Europa e Oriente Médio.
Para realizar operações comerciais no exterior, certificações de tipo são necessárias de cada país. A startup americana Joby Aviation já solicitou certificação nos EUA, Reino Unido e Japão.
