Conheça o microfone ultrassônico feito para “não ouvir” o que você fala

Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos EUA, inventaram um microfone inteligente que não “escuta” o que as pessoas estão falando. Parece estranho, mas o dispositivo ultrassônico foi desenvolvido para captar apenas os sons acima da faixa de frequência da audição humana.

Máquinas de lavar louça, liquidificadores, monitores de computador, aparelhos de televisão e outros equipamentos eletrônicos emitem sons que têm uma frequência de 20 kHz ou mais. As pessoas não podem ouvir esse tipo de ruído ultrassônico, mas PrivacyMic consegue.

“Há muitas situações em que queremos que nosso sistema de automação residencial ou nosso alto-falante inteligente entenda o que está acontecendo em nossa casa, mas não queremos necessariamente que ouça nossas conversas”, diz o professor de engenharia elétrica Alanson Sample, coautor do projeto.

Privacidade

Os estudos sobre o microfone ultrassônico começaram enquanto a equipe de Michigan catalogava arquivos de áudio. Os cientistas notaram que o som audível correspondia apenas a uma pequena parte de todo o espectro sonoro disponível durante as gravações feitas com um equipamento comum.

“Nós percebemos que estávamos diante de informações interessantes que eram ignoradas e poderíamos realmente obter uma imagem exata do que estava acontecendo dentro de uma casa ou escritório sem utilizar áudio nenhum”, explica a estudante de engenharia elétrica Yasha Iravantchi, autora do projeto.

Frequências de áudio analisadas pelos pesquisadores (Imagem: Reprodução/University of Michigan)

O dispositivo pode ser configurado para filtrar a fala ou remover todo o conteúdo audível em um determinado ambiente. Nos testes feitos em laboratório, os pesquisadores conseguiram identificar com precisão os sons de atividades comuns do dia a dia em 95% do tempo. Além disso, os participantes do estudo que ouviram o áudio captado pelo PrivacyMic não foram capazes de reconhecer a fala humana.

O PrivacyMic filtra informações audíveis diretamente no dispositivo, sem a necessidade de softwares externos. Isso deixa o sistema mais seguro e à prova de hackers, já que os dados de áudio compreendidos pelo ouvido humano não são gravados em momento algum.

Som para além dos ouvidos

Para testar o microfone, os pesquisadores gravaram sons de aspiradores de pó, escovação dos dentes, descargas de banheiro e de outras centenas de atividades comuns. As assinaturas ultrassônicas foram compactadas em arquivos menores e os ruídos dentro da faixa de frequência da audição humana foram eliminados.

O dispositivo foi construído com base em um computador Raspberry Pi simples, mas a tecnologia poderia ser implementada em equipamentos mais modernos, como alto-falantes inteligentes ou assistentes pessoais. Segundo os cientistas, só seria preciso incluir um software para interpretar o áudio ultrassônico e um microfone para captá-lo.

Dispositivo montado em um Raspberry Pi (Imagem: Reprodução/University of Michigan)

Combinados com a tecnologia já existente, os microfones inteligentes também poderiam coletar assinaturas ultrassônicas por meio de dispositivos implantados no corpo para detectar doenças ou efeitos colaterais de medicamentos, além de fazer um monitoramento constante em casas de idosos ou de pessoas debilitadas que precisam de cuidados especiais.

“Um microfone convencional colocado na casa de alguém por meses a fio pode fornecer aos médicos informações mais ricas do que eles já tiveram antes, mas os pacientes simplesmente não estão dispostos a fazer isso com a tecnologia de hoje. Porém, um dispositivo ultrassônico poderia desempenhar esse papel de forma mais discreta, sem invadir a privacidade do usuário”, completa o professor Alanson Sample.

Fonte: University of Michigan
Fonte: CanalTech

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