Inovação tecnológica e a economia inteligente

Por Ricardo Freitas* – A produção de conhecimento científico está altamente favorecida com a vasta possibilidade de aplicação das novas tecnologias, potencializando o desenvolvimento das inovações. As tecnologias atuais estão revolucionando métodos, processos e padrões em diversos setores.

A automação, a análise preditiva e os sistemas inteligentes estão transformando as operações produtivas, tornando-as mais eficientes, reduzindo desperdícios e melhorando a qualidade dos produtos. Essa transformação está criando sistemas produtivos mais inteligentes e integrados, preparados para enfrentar os desafios de uma economia global complexa.

Para inovar na produção e distribuição de conhecimento é consenso a necessidade de parceria tripla entre estado, empresas e universidades. A tecnologia tem um papel crucial nesse contexto. O compartilhamento de dados e conhecimento facilita a colaboração entre as instituições de ensino e pesquisa e o setor produtivo, criando um ambiente mais propício para a inovação.

Ferramentas digitais, plataformas de colaboração e redes de pesquisa integradas são capazes de aproximar esses dois mundos, independentemente de políticas setoriais específicas, embora estas também sejam importantes para sustentar tais mudanças.

A evolução tecnológica atual oferece mecanismos poderosos que ampliam significativamente a capacidade de produção de conhecimento e saber científico. Tecnologias como a inteligência artificial, a computação em nuvem e a análise de big data permitem que pesquisas sejam conduzidas com maior precisão, velocidade e abrangência. Estas ferramentas possibilitam o manejo de grandes volumes de dados, facilitando descobertas que antes eram impossíveis devido às limitações técnicas.

Esta tendência é extremamente relevante para a pesquisa acadêmica. Sistemas inteligentes que compreendem o contexto e as necessidades dos pesquisadores podem agregar um valor inestimável ao processo de coleta de dados. Ao incluir informações detalhadas como localização, tempo e características específicas da amostra, esses sistemas podem fornecer resultados mais precisos e contextualizados. Isso facilita uma análise mais robusta e aumenta a validade e a aplicabilidade dos resultados, permitindo insights mais profundos e acionáveis.

Para estreitar a colaboração entre estado, empresas e universidades é essencial criar plataformas de inovação aberta, hubs de pesquisa e desenvolvimento e incubadoras de startups. A tecnologia facilita essas conexões por meio de sistemas de gestão de projetos colaborativos, conferências virtuais e workshops online. Além disso, programas de financiamento que incentivam a parceria entre esses setores fomentam um ecossistema de inovação mais integrado e eficaz.

Embora promissora, a relação entre empresas e instituições de ensino e pesquisa ainda tem muito que ser aperfeiçoada, estimulada e crescer. Uma nova política industrial, em elaboração, deve se dedicar a isso. É necessário considerar questões como a maturidade digital dos municípios, conectividade e inclusão digital no campo, adequar projetos para pequenos, médios e grandes produtores e levar a pesquisa para fora das salas de aula e dos laboratórios das universidades, atingindo um público mais amplo.

Em todas as parcerias, o protagonismo das universidades é determinante para garantir estudo, pesquisa, desenvolvimento e que o conhecimento ou a inovação gerada sejam de domínio coletivo. Projetos de setores produtivos surgem com a identificação de demandas específicas e visam produtividade e maior eficiência no fornecimento de produtos e serviços à sociedade.

Projetos de interesse do Estado têm o objetivo de atender demandas de políticas públicas, que geralmente apenas o mercado não supre. Projetos de interesse das universidades também visam à aplicabilidade e eficiência. No entanto, trata-se de cumprir o papel a que se destinam, qual seja o desenvolvimento de pesquisa científica e a produção de conhecimento.

Com a tecnologia atual é perfeitamente viável que campi de diferentes regiões participem de projetos conjuntos. Sistemas colaborativos online, plataformas de videoconferência e ambientes virtuais de pesquisa permitem que pesquisadores de diversas localidades trabalhem juntos, compartilhando suas especificidades regionais. Esta interação não só amplia a percepção e a importância dos experimentos científicos, como também aumenta a aplicabilidade dos conhecimentos gerados, tornando-os mais diversificados e ricos em perspectiva.

As pesquisas se tornam mais abrangentes e profundas. A capacidade de coletar, armazenar e analisar grandes quantidades de dados com alta precisão garante que os estudos sejam mais consistentes e confiáveis. Tecnologias de certificação e controle de qualidade de dados asseguram que as informações utilizadas em pesquisas sejam de alto valor científico.

A inteligência artificial neste contexto permite a realização de múltiplos ensaios e experimentos em um curto espaço de tempo. Isso multiplica o volume de conhecimento disponível, principalmente em setores com acesso a recursos financeiros adequados para investir em tecnologia de ponta. Este aumento exponencial no volume de dados e descobertas potencia a inovação e acelera o avanço das ciências.

O desenvolvimento e a aplicação da inovação tecnológica em larga escala nas cadeias produtivas podem levar a uma economia inteligente, com sistemas que agregam valor à produção, permitindo ao País ampliar a participação de produtos elaborados ou semielaborados na pauta de exportações. A inovação é o caminho natural, uma necessidade e uma condicionante para a sustentabilidade, o desenvolvimento socioeconômico e cultural do País.

*Ricardo Freitas é especialista em inovação e tecnologia com formação e XBA pela Hebrew University Jerusalém

Fonte: Inovação tecnológica e a economia inteligente – Convergência Digital – Opinião (convergenciadigital.com.br)

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