Chamada de Cícero, a IA dobrou a pontuação média de jogadores humanos em 40 partidas do game Diplomacy
Desde que o sistema de inteligência artificial (IA) Deep Blue da IBM derrotou o campeão mundial de xadrez Garry Kasparov, em 1997, a humanidade observou, infeliz, ano após ano, como as máquinas conseguem ser melhor em jogos cada vez mais complicados.
Agora, um novo e estarrecedor capítulo dessa disputa entre criador e criatura foi apresentado por pesquisadores da Meta que, de acordo com um novo estudo compartilhado com a EXAME, conseguiram treinar uma IA para atingir “desempenho de nível humano” no jogo de estratégia de guerra Diplomacy.
A nova IA, nomeada de Cícero em homenagem ao estadista e estudioso clássico que testemunhou a queda da República Romana, foi capaz de se comunicar e criar estratégias com outros jogadores humanos, planejando os melhores métodos para a vitória e, ainda mais curioso, se passando por uma pessoa sem que os oponentes soubessem que se tratava de uma IA.
E, diferente dos jogos xadrez, Go ou Starcraft, que funcionam no sistema de soma zero, onde o vencedor leva tudo, em Diplomacy sete jogadores competem para controlar centros de suprimentos em jogadas combinadas e acertadas mutuamente. Crucialmente, os jogadores de Diplomacy podem tentar enganar uns aos outros e também podem pensar que estão sendo enganados.
Em outras palavras, para uma IA “vencer” em Diplomacy ela precisa entender as regras do jogo com eficiência, mas também entender fundamentalmente as interações humanas.
Para se ter uma ideia, a Meta diz que Cícero mais que dobrou a pontuação média de jogadores humanos em 40 partidas e ficou entre os 10% melhores jogadores que jogaram mais de uma rodada. A IA também chegou a ficar em 1º lugar em um torneio de oito jogos envolvendo 21 participantes.
Em uma das interações que demonstram o poder da IA, Cícero conseguiu mudar com sucesso a estratégia de um jogador humano propondo um movimento mutuamente benéfico. Para tal, os pesquisadores dizem que a IA se valeu de um conjunto de dados de mais de 125 mil partidas e 12 milhões de mensagens trocadas entre jogadores humanos.
A máquina também errou como qualquer humano. Seus momentos mais complicados eram quando precisava moderar o tom da conversa para manter a estratégia de longo prazo. Contudo, essa não era uma falha só do robô.
Fonte: exame.com – Inteligência artificial da Meta alcança desempenho de nível humano em jogo de estratégia
(Foto/Getty Images)