Não se Cale: impactos da nova lei nos eventos de startups e tecnologia

Parece pequeno, mas um simples treinamento de equipe passou a ser uma vitória gigantesca para as mulheres. Recentemente, inúmeros profissionais foram treinados em como aplicar o Protocolo Não se Cale, uma lei municipal que entrou em vigor no início de junho. Estamos vendo, na prática, o começo do fim de um ambiente hostil para vítimas de assédio, e isso é digno de comemoração.

Observando essas capacitações, veio uma certeza: estamos no caminho correto para transformar positivamente o ambiente das startups em São Paulo, especialmente nos eventos, muitos dos quais, historicamente, negligenciaram a responsabilidade de proporcionar um espaço seguro para as mulheres. Agora é Lei. E a lei se cumpre.

Ainda que São Paulo seja o epicentro de inovação e empreendedorismo no Brasil, é proporcional ao seu tamanho a toxicidade para mulheres nos eventos realizados na metrópole. Apesar de pedidos de socorro, cartas abertas e movimentos dentro da comunidade de startups e inovação, essas questões frequentemente foram ignoradas, ou até hostilizadas, por membros do próprio ecossistema.

A Lei Municipal nº 17.320/2020 exige que empresas e organizadores de eventos implementem diretrizes claras para a prevenção e combate ao assédio sexual, incluindo treinamentos obrigatórios e a criação de mecanismos de denúncia anônimos e seguros. No município de São Paulo, a lei fala que a proteção acontece em qualquer local onde haja socialização. Esta legislação é um passo crucial para mudar essa realidade, obrigando medidas proativas contra o assédio. E precisa ser cumprida.

Empresas, investidores e organizações do ecossistema de startups precisam se adaptar rapidamente para não serem penalizados. Isso inclui treinar suas equipes, estabelecer canais de denúncia seguros e criar locais de acolhimento para vítimas. Não há mais espaço para pressionar as vítimas, constrangê-las pelo WhatsApp, coagi-las pessoalmente ou ameaçar suas carreiras. Esses atos são criminosos e, infelizmente, eram comuns.

A lei Não se Cale manda um recado claro à sociedade: a cidade está ao lado das mulheres, as principais vítimas desses crimes, que se tornaram frequentes no ambiente de inovação. A nova lei proporciona uma ferramenta poderosa para proteger espaços de trabalho e eventos, promovendo um ambiente mais seguro e inclusivo para todos. E o meu recado é ainda mais forte: não se cale – juntas, podemos fazer a diferença.

Quer ficar por dentro de como esses protocolos de segurança são desenvolvidos, conheça a Livre de Assédio e não se cale!

*Tania Gomes é sócia da Livre de Assédio

Fonte: Não se Cale: impactos da nova lei nos eventos de startups e tecnologia (startse.com)
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