Morfeu, o deus do sono e dos sonhos na mitologia grega, está contando com uma forcinha da ciência e da tecnologia.
Estudos apontam que cerca de 30% dos brasileiros sofrem com insônia. No Estado, esse índice representa 920 mil adultos. Além disso, a apneia, o ronco e outros distúrbios também atrapalham o sono.
Aplicativos que controlam a qualidade do sono por meio de colchões, travesseiros, cobertores e até camas climatizadas e aparelhos monitorados a distância são algumas das novidades em tecnologias e tratamentos para ajudar quem sofre com o problema.
A inteligência artificial, por exemplo, vem ajudar as pessoas com insônia, segundo a pneumologista Roberta Couto, especialista em Medicina do Sono.
“Hoje, com a tecnologia de inteligência artificial, há como realizar a terapia cognitivo-comportamental para insônia (TCC-I), de forma online”, cita.
Ela explica que os pacientes completam dados diários e o aplicativo dá orientações e técnicas de TCC- I para aplicar em casa. “Posso acompanhar a evolução desse paciente a distância”, acrescenta.
A medicina do sono tem se beneficiado muito dos avanços tecnológicos, como observa a pneumologista e especialista em Medicina do Sono Simone Prezotti.
“Há aplicativos que coletam várias informações sobre o sono e podem despertar a atenção da pessoa para um possível problema. Não servem para diagnóstico, mas para alertar”, pontua.
Além da insônia, a presidente da Associação Brasileira do Sono no Estado (ABS-ES), Jéssica Polese, ressalta os avanços e as novidades para o tratamento do ronco e da apneia do sono.
“Chegou no mercado uma tecnologia que é o principal tratamento da apneia do sono. O médico consegue monitorar o paciente com o equipamento do outro lado do planeta. A gente consegue ainda ajustar o aparelho a distância, por meio da nuvem”, salienta.
A dentista Layssa Degli Esposti chama a atenção para os aparelhos intraorais cuja indicação para tratamento de ronco ou apneia leve é confirmada por pesquisas recentes.
“É um aparelho intrabucal, discreto, confortável. Não precisa estar ligado à tomada e ajuda muito o paciente”, afirma.
ALGUMAS NOVIDADES
Cama inteligente
Uma marca americana acabou de lançar no mercado dos EUA uma cama que tem controle de temperatura do colchão por meio de um aplicativo de celular. É possível esquentar um lado específico da cama para não atrapalhar o cônjuge, por exemplo.
Travesseiro que monitora o sono
Um travesseiro lançado no Brasil possui em seu interior um sensor com tecnologia não invasiva que faz a transmissão de dados via bluetooth. Ao se conectar com o aplicativo, verifica o tempo que o usuário demora para dormir, quantas vezes acorda durante a noite, além de movimentações durante o período de sono por meio de uma inteligência artificial e internet das coisas, ligada à nuvem de dados.
Máscara de sono inteligente
Uma empresa americana lançou uma máscara com tecnologia de biossensores para coletar dados do sono enquanto transmite pulsações de luz e prepara o despertar, ajustando à luz solar natural. Segundo a empresa, é ideal para pessoas que têm a rotina mais agitada.
Aplicativos de monitoramento
cresce o número de empresas produtoras de aplicativos para o sono, as chamadas “sleep tech” (tecnologia do sono). Elas estão investindo, principalmente, em aplicativos que monitoram a rotina antes do sono, as atividades durante a noite, como o ronco, a agitação e apneia.
Os aplicativos emitem relatórios e chamam a atenção para comportamentos que podem sinalizar distúrbios do sono. A avaliação deve ser feita sempre por um especialista.
Terapia para insônia no celular
Algumas novidades são os aplicativos de terapia cognitivo-comportamental (TCC), que são programas de aprimoramento do sono que ajudam a identificar formas de otimizar a rotina e ter uma noite reparadora de sono.
O aplicativo Vigilantes do Sono, por exemplo usa inteligência artificial para promover mudança de comportamentos com o apoio de um profissional da saúde.
Aparelhos conectados
Aparelhos de tratamento da apneia e ronco, e de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP, na sigla em inglês) utilizam tecnologia de inteligência artificial e monitoramento a distância que permitem ao médico verificar os resultados e calibrar o equipamento a distância.
A ResMed, por exemplo, lança dispositivos médicos conectados à nuvem para assistência à apneia, além de aplicativos conectados aos CPAPs que ajudam no tratamento.
Melatonina
hormônio indicado para tratar distúrbios do sono, a melatonina foi liberada para venda como suplemento alimentar, sem prescrição médica, este ano.
Especialistas, porém, recomendam sempre buscar orientação profissional e apontam riscos se houver consumo excessivo.
Aparelho Intraoral
Assim como o CPAP, o aparelho tem como objetivo liberar o espaço das vias aéreas para a passagem do ar. Pesquisas recentes mostram a sua eficácia em casos leves e moderados de apneia do sono. Ele faz um reposicionamento da mandíbula, ou seja, o aparelho condiciona que o paciente durma com a mandíbula posicionada um pouco mais à frente do que o normal, aumentando o espaço para a passagem de ar.
Mapeamento genético
ESTUDOS DE MAPEAMENTO genético começam a desvendar a propensão genética para dormir ou permanecer em vigília e tentam descobrir se há um único gene relacionado à insônia. Na ConectGene, por exemplo, o teste mostra os genes ADA e MEISS1, que são marcadores relacionados à predisposição a se ter uma noite de sono sem interrupções ou não.
Além disso, um outro importante marcador, o gene ADORA2 aponta o quanto a cafeína tende a interferir na possibilidade de insônia ou de qualidade do sono.
Fonte: Empresas e especialistas consultados.