A Inteligência Artificial (IA)!
Segundo o respeitado físico e cosmólogo Stephen Hawking (1942 — 2018) é o ápice da criatividade do Homo Sapiens, mas também poderá significar o início de seu abismo. Esta declaração na abertura do WebSummit 2017, repercutiu nos 70 mil visitantes do Evento e foi propagada pelas Agências de Informações, causando impacto mundial. Ainda hoje é lembrada sempre que os limites éticos são atropelados na aplicação da IA.
O Bilionário sul-africano, dono Tesla e autointitulado Imperador de Marte, Elon Musk, tenta justificar a urgência de se implantar chips nos cérebros humanos, desenvolvidos por sua empresa Neuralink. O argumento é que a capacidade de processamento do cérebro, fruto de uma evolução biológica, de 3,5 bilhões de anos, não será páreo para competir com os avanços disruptivos da Inteligência Artificial. Portanto, na ótica dele, libere seu cabeção!
Recentemente, um vídeo da Neuralink mostrando um primata com um chip implantado, a controlar com a mente os movimentos de um jogo de videogame, demonstrou que a conversa é séria e explícita. Os Transumanistas estão decididos a mesclar o orgânico com o inorgânico, gerando uma espécie híbrida (ciborgues), capaz de acompanhar o ritmo das mudanças tecnológicas. Até o final do ano, a mesma empresa promete demonstrar a implantação do chip cerebral em um ser humano.
Na esteira deste acontecimentos, constantemente cientistas arrepiam a opinião pública mundial com anúncios de experiências genéticas, biohackeamentos, algorítimos preditivos de comportamento etc. A aceleração é tamanha, que o Parlamento Europeu tem se mobilizado para os chamados regulatórios das tecnologias disruptivas e da atuação das “Big Techs” em seus territórios. A preocupação maior foca no estabelecimento de regras e de respeito aos princípios Éticos. O Governo de Cingapura também publicou seu Regulamento para apoiar as empresas desenvolvedoras, implementadoras e usuárias de Inteligência Artificial sob a observação rigorosa da Ética.
Dilemas Éticos!
Quem consideraria aceitável a comercialização de informações privadas do seu protocolo de saúde para que Planos possam aumentar o valor ou rejeitarem sua adesão, em razão de alguma doença pregressa?
Imagine que em nome do seu “bem-estar”, uma “machine learning” estude seus padrões biológicos e seja capaz de indicar as possíveis doenças futuras por via da IA! Bacana né? Mas qual seria o valor desta maravilhosa Medicina Preditiva se estas informações, por exemplo, fossem repassadas para uma banco de dados comprado clandestinamente por corporações interessadas em utilizá-las no processo de recrutamento e seleção, para evitar contratações geradoras de possíveis despesas com tratamentos e afastamentos dos contratados?
Se um carro autônomo dirigido pela Inteligência Artificial, falhar o freio e tiver que decidir por atropelar um idoso ou uma criança, quem ele atropelará? Opa! Como assim? O algoritimo decidirá?
Democracia!
Analisemos a tão propagada interferência do Facebook nas eleições que deram a Donald Trump, o título de Presidente dos Estados Unidos da América. Os algoritimos baseados em IA inauguraram a intervenção no processo democrático global. Pode isso? Tanto não pode que a empresa foi condenada pela Suprema Corte, à pagar US$ 5 bilhões por este feito nenhum pouco Ético.
A saída do Reino Unido da União Europeia e toda a confusão que isto tem gerado, é outro exemplo de hackeamento político da Democracia pela IA, como ficou claro no caso do escândalo da empresa Cambridge Analitica.
Sistemas de prevenção criminal dos EUA e da Inglaterra, estão na mira dos Tribunais e dos Parlamentos, por acumularem queixas de racismo e interferência no direito à privacidade. Suas câmeras e algoritimos de reconhecimento facial, baseados em IA, estão a promover suspeições e abordagens físicas de transeuntes, refletindo os estereótipos racistas de seus programadores. O constrangimento ao qual estão sendo submetidas, pessoas de pele preta, pobres e egressos de comunidades carentes, reproduzem a segregação racial e social praticada contra seus antepassados ao longo dos últimos séculos.
O Capitalismo de Vigilância dos governos, contra seus cidadãos, está muito bem detalhado no documentário: “Coded Bias” da Netflix: Recomendo muito que assistam pois demonstra como alguns cidadãos incomodados, podem dizer não e garantir o direito de outros milhões, que sofrem assédios semelhantes. O Doc cunha o Termo: “Direito Algoritimico”.
Outra dica preciosa é a Série Ficcional: “Years and Years”, transmitida pela HBO GO. Sensacional a alusão ao passado recente, o momento atual e o futuro bem próximo.
Ainda nesta linha de recomendações, recentemente abordei o tema: “Ética na Inteligência Artificial” para um Podcast sensacional, conduzido pelo casal de amigos: Fernando e Kalley Teixeira, intitulado: “Domina.AI”. Eles falam sobre Inteligência Artificial de uma forma bastante coloquial e didática, pensando carinhosamente nas pessoas com pouca intimidade com o tema da tecnologia. No Episódio: “África AI” eu contei duas histórias que remetem ao meu aprendizado pessoal, sobre ética humana, ocorridos em Guiné Equatorial e na Nigéria. Se puder, escute lá pois também comento sobre diversas iniciativas que estão sendo trabalhadas em prol da proteção de todos e do incentivo às muitas coisas boas que a própria Inteligência Artificial pode proporcionar.
Nossos princípios, crenças, valores e costumes, definem nossa ética pessoal e coletiva de acordo com as tradições, hábitos e práticas costumeiras das sociedades onde estamos inseridos ou com a qual interagimos. Não se pode imaginar a conversão do comportamento humano tão rico em sua complexidade, tão esplêndido em suas singularidades e diferenças, para um padrão algoritimico pasteurizado, determinado por gigantes globais da tecnologia e controlado por governos tiranos ou empresas que te tratam como consumidores ao invés de gente com sangue na veia e alma pulsante.
Para que servirá o progresso prometido na Era Digital se antes não formos capazes de progredir os nossos estados de Consciência? Em pleno Século XXI ainda contemplamos fome, analfabetismo, desequilíbrios sociais, doenças e recursos ambientais exauridos. O curioso é que não falta dinheiro ou tecnologias para resolvermos os problemas e superarmos os desafios humanos. Precisamos, isto sim, de uma mudança radical no foco da sensibilidade, da empatia, da solidariedade e da compaixão. Sem respeito a diversidade que nos torna tão únicos, sem declinar do cartesianismo e da fragmentação que valoriza a separatividade, a competição, o utilitarismo, em detrimento da colaboração, do compartilhamento, da inclusão e do senso coletivo, tecnologia nenhuma estará justificada.
Podemos colonizar Marte e outros planetas, mas se não acessarmos a maior de todas as tecnologias transformadoras que é o Amor, não seremos capazes de entender, sequer, “Quem Somos Nós”. Mesmo permeados de uma extraordinária Plenitude, seguiremos sós na vastidão do Universo, tal qual o Peixe que procura a vida inteira pelo Oceano sem perceber que está imerso nele! Que nossa Ética Humana nos conduza para o despertar de nossa Consciência Universal! Namastech!
Lembremos deste sagrado e milenar ensinamento, na voz do Grande Renato Russo:
Por: Gilberto Lima Jr.
Internacionalista especializado em Negócios de Base Tecnológica. Assessorou negociações em mais de 40 países; Palestrante e Mentor de Empresas.
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