Por que o Brasil precisa repensar sua relação com a inovação digital

Tecnologia sem ética é colonização: A corrida pela transformação digital sem soberania, sem ética e sem cultura pode nos aprisionar em novos modelos de dependência

Por Ângelo Vieira Jr. – O Brasil vive uma euforia tecnológica. Inteligência artificial generativa, plataformas de automação, algoritmos de machine learning e soluções em big data vêm sendo adotadas por governos, empresas e instituições com velocidade impressionante. A promessa: modernizar, agilizar, reduzir custos, ganhar competitividade.

Mas o que pouco se discute é o custo simbólico, ético e político desse avanço. Como país periférico, seguimos dependentes não apenas de tecnologia estrangeira, mas de epistemologias importadas – o que nos leva a um novo tipo de colonialismo: o da informação e dos dados.

Em sua obra A Sociedade do Cansaço, Byung-Chul Han nos alerta sobre o esvaziamento do sujeito num mundo de hipertransparência e excesso de positividade. Hoje, somos não apenas vigiados, mas treinados a vigiar a nós mesmos – por meio de sistemas de gamificação, rastreamento e auto-otimização. Quando essas tecnologias são aplicadas sem senso de contexto e sem ética social, o resultado é perverso: reforço de desigualdades, apagamento de identidades, captura de subjetividades.

O risco é claro. Dados da Freedom House (2023) mostram que 79 países implementaram tecnologias de vigilância digital sem estrutura legal robusta. No Brasil, o reconhecimento facial foi adotado por dezenas de municípios sem debates com a sociedade civil.

Confira na íntegra.

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