Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky e sua arma digital: O Celular!
Estamos no Século XXI já com duas décadas decorridas de uma verdadeira revolução tecnológica, cujos avanços exponenciais e disruptivos seguem de forma desenfreada em todos os campos da Vida. Contudo, a evolução civilizatória parece ser apenas material, diante de um conflito que põe em cheque a Paz Mundial, como se verifica na contenda entre Rússia e a Ucrânia. Deveríamos a esta altura, ter atingido um grau muito mais elevado de civilidade humana, baseada na colaboração mútua e na busca da equidade e prosperidade global em harmonia com a natureza. Enquanto essa indeclinável esperança não se concretiza, sigamos na análise do momento presente, com ênfase no poder acumulado nas mãos dos líderes das gigantes tecnológicas, as chamadas: “Big Techs” e seus arsenais computacionais, pela primeira vez explicitados num confronto bélico entre nações.
O Atlas Digital não reconhece as fronteiras geográficas e nele, pode-se posicionar trincheiras e frentes virtuais de ataque, capazes de alterar as forças físicas do confronto, potencializando a força de um país pequeno diante de seu agressor. É o que está sendo testado neste momento, quando as grandes Corporações Digitais atenderam aos apelos da Ucrânia. O Vice-Primeiro Ministro e Ministro da Transformação Digital da Ucrânia, Mykhailo Fedorov, por exemplo, disparou um Twitter dramático para o bilionário Elon Musk: “Enquanto você tenta colonizar Marte – a Rússia tenta ocupar a Ucrânia! Enquanto seus foguetes pousam com sucesso do espaço – Os foguetes Russos atacam civis ucranianos! Nós pedimos que você forneça à Ucrânia estações da Starlink e dirija-se aos Russos sãos para se levantarem! Resposta de Elon Musk: “O Serviço Starlink agora está ativo na Ucrânia, mais Terminais à Caminho”. A Starlink é o braço de satélites da Empresa Space X pertencentes a Musk que passou a garantir a conectividade de internet alvejada por ciberataques.
Visa, Mastercard, Pay Pal, Google, Meta (Facebook, Instagram, Whatsapp), Twitter e Youtube agiram objetivamente com restrições imposta aos Russos, quanto a movimentações financeiras, limitação dos conteúdos originários das agências de informações Russas, bloqueio da possibilidade de monetização, bloqueio de publicidade e acesso aos mapas da Ucrânia, por parte do Google Maps, por exemplo. Tim Cook da Apple limitou-se a dizer sobre os esforços da empresa em cuidar de seu pessoal na região e da ajuda humanitária destinada pela empresa.
As Criptomoedas também viraram armas no combate digital na medida em que as Exchanges (corretoras das transações em moedas digitais) foram conclamadas pelo Ministro Federov a travar as operações destinadas à ou oriundas da Rússia e aliados. Embora não tenham obtido o apoio esperado destas empresas, as carteiras digitais oficiais da Ucrânia já obtiveram mais de US$16 milhões em doações de milhares de pessoas, além de US$10 milhões da Fundação Binance, da gigante chinesa, líder das Exchanges, Binance. A corretora opera mais de 600 criptomoedas, movimentadas por 90 milhões de pessoas, com uma média de operações diárias de US$76 bilhões.
A União Europeia e a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), encontram-se numa delicada situação, dando as respostas possíveis para manter o status do conflito como “Regional” ao invés do status “Multinacional”. A pressão diplomática e as sanções econômicas duríssimas impostas ao Estado Russo se concentram em medidas como o fechamento de espaços aéreos europeus e norte-americano, bloqueio das transmissões das agências de notícias Russas, fornecimento de armamentos à Ucrânia, bloqueio da Rússia nas operações de transferência financeira internacional (Swift), entre outras. Contudo, o Jovem Presidente Volodymyr Zelensky (44 anos) sabe que a melhor forma de acelerar a chegada de todos os tipos de recursos é mantendo-se ativo em suas aparições, entrevistas, manifestações por videoconferências (aplaudido de pé pelos Europarlamentares), dando o seu exemplo de coragem e comprometimento com os valores europeus e ocidentais.
O Setor Aeroespacial também surgiu nesta contenda bélico-digital. Segundo a Reuters, o diretor-geral da Agência Espacial Russa – Roscosmos, Dmitry Rogozin, denunciou no Twitter os bloqueios impostos à Rússia, referente ao acesso da alta tecnologia fruto da cooperação EUA-Rússia. Dirigindo-se ao Presidente Americano Joe Biden, Dmitry Twittou: “Você quer destruir nossa cooperação na ISS?”
Lembrou que o controle orbital da estação internacional ISS utiliza motores de uma nave de carga Russos, capazes de mantê-la numa altura orbital segura e de certa forma ameaçou: “Se você bloquear a cooperação conosco, quem vai salvar a ISS de uma descida descontrolada da órbita e depois cair no território dos Estados Unidos ou da Europa?”. “Há também um cenário em que a estrutura de 500 toneladas cai na Índia ou na China. Você quer ameaçá-los com essa perspectiva? A ISS não sobrevoa a Rússia, então todos os riscos são seus.”
A Resposta da NASA demonstra a imensa preocupação gerada pela ameaça Russa: “As novas medidas de controle de exportação continuarão a permitir operações espaciais civis EUA-Rússia”. “Nenhuma mudança está planejada para o suporte da agência para operações em órbita e estações terrestres em andamento.”
No seu primeiro Discurso ao Estado da Nação no Congresso Americano, neste dia 01 de Março, o Presidente Joe Biden, nitidamente ovacionado pela capacidade de sensibilizar Democratas e Republicanos, convocou os Congressistas a se espelharem na coragem dos líderes e do povo Ucraniano, no combate a Putim. Disse tratar-se de um embate entre Democracias e Autocracias, utilizando-se do conflito para elevar sua baixa popularidade dentro de casa, receita conhecida e aplicada por alguns de seus antecessores na busca de união interna e apoio à sua política doméstica.
Chamou atenção a presença do CEO global da Empresa INTEL, Patrick “Pat” Gelsinger, citado nominalmente pelo Presidente, ao mencionar investimentos no segmento de Semicondutores (cerca de US$20 bilhões em Ohio). Vale lembrar que Gelsinger, que ostentava as cores da bandeira Ucraniana em sua lapela é membro do Comitê Consultivo de Segurança Nacional de Telecomunicações dos EUA.
O lendário General Chinês, Sun Tzu (544 AC – 496 AC), afirmou em uma de suas maiores lições sobre Estratégia : “A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar”. Ao que me parece EUA e China estão a praticar muito bem esta estratégia, cada qual utilizando o seu Avatar neste grande jogo do Xadrez Global.
Não há vencedores quando vidas inocentes são ceifadas para saciar a sede egóica de líderes em estágio primitivo de consciência que se valem dos mecanismos da destruição, do medo e de todas as mazelas da ignorância humana decorrentes da selvageria do espírito Yang: controlador, territorialista, injusto e doentio.
Ao mesmo tempo em que as medidas das Big Techs e Empresas Financeiras tenham disponibilizado o melhor da Tecnologia para conter o agressor e minar suas forças destrutivas, fica claro que também constituem um Poder que se estabelece para além dos binários “Democratas ou Autocratas”. Estamos diante de um Poder, predominantemente privatizado, capaz de interferir em eleições e no comportamento humano em escala mundial, comandado por Tecnocratas.
A Tecnocracia baseada na Ditadura dos Algoritimos e no Capitalismo de Vigilância Social é tão preocupante quanto qualquer outra forma de manipulação e controle. Elon Musk e todos os demais líderes tecnológicos, foram acionados diretamente, independente dos protocolos formais das Nações Unidas ou da União Europeia, com seus centenários mecanismos diplomáticos e tomou a decisão de agir independente de quaisquer consultas ou aprovações, ajudando é claro, a urgência Ucraniana mas isso também é assustador.
Reflitamos sobre esta Nova Ordem Mundial baseada na “Tecnocracia” e suas possíveis consequências no domínio dos territórios mentais de todos nós.
Namastech!