As estatais de TI Serpro e Dataprev ganham protagonismo para intermediar tratativas com os fornecedores privados de tecnologia, notadamente para os serviços de computação em nuvem. Como explica o presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção, o papel segue movimento natural pela soberania de dados, além de aproveitar a expertise de quem tem mais familiaridade com o tema.
“É fundamental que tenhamos clareza que não existe nenhuma ideia, que seria impossível, de Serpro e Dataprev fazerem sozinhos. Não existe nenhuma ideia de excluir e alienar o mercado, de chamar para si o desenvolvimento, porque isso atrasa o processo. Se o governo organizou empresas para serem o braço estatal da TI, é em conjunto. Mas a negociação, a contratação, sobe de nível, porque ainda que não sejamos mais preparados que o mercado, somos mais preparados que os coordenadores de TI espalhados pela Esplanada e lidando com seus orçamentos. Temos uma série de elementos que fazem nossa contratação avançar mais”, disse ao discutir esse novo momento durante o Tech Gov Forum 2024, realizado pela Network Eventos em Brasília.
“O Estado utiliza as capacidades técnicas e operacionais do mercado o tempo todo e vai continuar fazendo isso. A Dataprev é uma grande contratante, uma grande parceira, e vai continuar sendo. O problema aqui é de governança, é de coordenação, é de controle. A sociedade brasileira precisa ter controle sobre os seus dados, sobre a sua infraestrutura nacional de dados. E isso vai ser feito por quem mais capacidade acumulou nos últimas décadas para fazer esse trabalho dentro do governo federal, que são as empresas Serpro e Dataprev”, reforçou Assumpção em entrevista à Convergência Digital.
Privilegiar as estatais de TI nesse caso é um movimento natural de governança e soberania de dados. “Não existe país no mundo que não está trazendo para baixo do seu controle, da sua soberania, os dados. Estas empresas e este mercado são componentes multinacionais, são componentes nacionais, com interesses muito claros e legítimos de ganhar o seu dinheiro e não respondem a interesses muito claros e legítimos do Estado brasileiro de ter soberania sobre seus dados.”
Até porque, apontou Assumpção, o Estado demanda uma perenidade que não pode ficar refém de humores do mercado. “A governança de dados, controle sobre esses dados, a continuidade da existência da nossa capacidade de ter política pública que é baseada em dados, de ter soberania sobre o nosso conhecimento de nós mesmos, que é baseado em dados, tudo isso é determinado pela capacidade do Estado e não pela capacidade do mercado. O mercado vai à falência, o mercado é comprado por uma outra empresa, o mercado muda de rumo, o mercado altera de licenças perpétuas agora para a subscrição, o mercado segue as suas estratégias e essa parceria é cada vez mais intensa. Agora, a função de Estado não é a função de mercado. E Serpro e Dataprev somos Estado, é simples assim.”
Fonte: Serpro e Dataprev assumem contratos da nuvem de governo com setor privado – convergenciadigital