Geladeira conectada poderá iniciar uma transação financeira no novo sistema
A digitalização do real demandará a criação de um novo sistema de compensação de transações financeiras e de transferência de ativos, que hoje ocorrem de forma separada, mas que a tecnologia blockchain permite fazer simultaneamente.
O novo sistema poderá fazer a liquidação de um ativo financeiro, como ação ou título de dívida, contra pagamento em real, desde que ambos sejam tokens. Hoje a compensação financeira acontece no Sistema de Transferência de Reservas (STR) do Banco Central (BC), enquanto a mudança de titularidade do ativo ocorre na B3.
Criado há 20 anos, o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) reúne as infraestruturas e participantes do mercado financeiro, mas não é compatível com contratos inteligentes e de programação do dinheiro das blockchains.
“Precisamos fazer o Sistema de Pagamento Digital, que será a plataforma do real digital, e que vai ter um funcionamento integrado com o que já existe”, disse Fabio Araujo, responsável pelo projeto do real digital no Banco Central.
A inspiração será o Ethereum, blockchain pública que concentra mais de 2.500 aplicações de finanças descentralizadas. Só que a rede brasileira, em fase de definição para posterior licitação, deverá ser fechada por razões jurídicas e de segurança, com acesso permissionado aos participantes do setor.
Segundo Rodrigoh Henriques, diretor de Inovação da Fenasbac (Federação das Associações de Servidores do Banco Central), o novo sistema representará uma evolução do open finance, que incluiu as fintechs, interagindo agora com entes não financeiros. A Fenasbac coordena o Lift (Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológica) do BC, que concentra os projetos em teste para o real digital. “Será o open everything”, disse.
Henriques afirma que o novo sistema vai usar o conceito da autenticação por contexto, que valida a identidade do usuário levando em consideração o ambiente em que ele se encontra. Um robô, como a Alexa, da Amazon, poderá funcionar como iniciador de pagamento para a compra de streamings. Como se trata de uma transação recorrente, com um destinatário conhecido, num valor compatível com o histórico da pessoa, não será necessária senha.
“Uma geladeira conectada poderá iniciar uma transação financeira”, disse Celso Jung, fundador da Easyhash, fintech participante do Lift que faz tokenização de microcrédito.
Fonte: Tecnologia do real digital exigirá um novo sistema de pagamentos | Criptomoedas | Valor Econômico (globo.com)
Imagem: real digital – foto: Carlo Chiapinelli