O extraordinário pianista brasileiro João Ventura causa imensa surpresa e euforia no público que o assiste em diferentes teatros e casas de espetáculo portuguesas, onde vive há 5 anos e seu trabalho é um excelente paralelo acerca da discussão sobre transhumanismo. João que se tornou um querido amigo, tem formação técnica, clássica de piano (erudita mesmo) e ao mesmo tempo carrega no DNA o poder criativo e popular dos nordestinos, particularmente de minhas raízes sergipanas, cuja arte de viver é temperada por uma alegria irreverente, executada com muita precisão. O resultado de sua ousadia chama-se: “Contraponto”, nome dado ao estilo por ele desenvolvido que mistura a sonoridade de dois ou mais estilos diferentes, de forma harmoniosa e inimaginável.
Quebrando o paradigma da dicotomia, João consegue arrancar aplausos demorados e de pé, das plateias que reconhecem o resultado de sua genialidade ao executar por exemplo, a mescla da música “Insensatez”, de Tom Jobim com a “Sonata ao Luar”, de Beethoven. Ajustes melódicos e harmônicos também misturam “Garçom” de Reginaldo Rossi e “O Vôo do Besouro” de Rimsky-Korsakov, “Espumas ao Vento de Accioly Neto e “Libertango” de Astor Piazzolla, entre muitas outras deliciosas antropofagias criativas de sua Obra. Em 2018, acompanhou Madonna em sua apresentação no MET GALA de Nova York e misturaram: ‘Like A Prayer’, ‘Beautiful Game’ e ‘Hallelujah’.
Assista:
Transhumanismo
Este exemplo da Obra de João Ventura serve para mergulharmos mais fundo no oceano das aparentes contradições do transhumanismo. Na busca da transcendência espiritual e na transcendência tecnológica prometida pelos Transhumanistas, quais são os Contrapontos?
No dia 28 de Agosto de 2020 o bilionário sul-africano, Elon Musk, considerado o quarto ser humano mais rico do mundo, controlador da Tesla (automóveis autônomos e elétricos), da StarLink (que promete cobertura de satélites para prover a humanidade de uma internet orbital acessível à todos) e de diversas outras empresas como a Neuralink (interface homem-máquina), apresentou sua solução de um Chip Cerebral demonstrado numa porca implantada há dois meses. Com ar de normalidade e até em clima de piada, suas afirmações são assustadoras. Musk disse que o implante proposto por ele para o cérebro de todos nós, é uma escolha e não uma obrigação, mas, afirma, será a única forma da humanidade não sucumbir diante dos avanços da Inteligência Artificial, mas sim alavancar o transhumanismo:
A simbiose com a Inteligência Artificial (IA) é importante para se viver na nova “escalada civilizatória”.
Musk, Elon
Segundo ele, no caso de uma IA Benigna predominar na humanidade, a opção de um Implante de Interface Cérebro-Máquina, “permitirá prosseguir com “o passeio” em direção a fusão com a IA”. Em outras palavras, a edificação do transhumanismo. Depois de atender os motivos mais imediatos dos problemas cerebrais (doenças), ele prossegue, “ poderá se concentrar na mitigação do risco, da ameaça existencial da espécie humana por conta do domínio da IA evitando um imenso poço (abismo) de distância entre a capacidade humana e das máquinas”.
Transhumanismo: Computação Quântica
As empresas, IBM, Google, Microsoft, Intel e outras concorrentes, disputam a corrida da Computação Quântica acerca do trasnhumanismo. A Google, embora contestada pelos competidores, anunciou ter alcançado, a “Supremacia Quântica” em 2019, ao atingir um processamento de 54 qubits com seu “Sycamore” que fez em 200 segundos um cálculo que levaria 10 mil anos para ser realizado pelo mais potente dos computadores binários existentes.
A IBM em Agosto de 2020, anunciou ter alcançado 32 qubits. Mas afinal o que muda entre a computação convencional e a computação quântica? Trata-se do padrão de processamento. Enquanto a primeira é baseada no processamento binário “0” e “1”, a segunda vale-se do entrelaçamento quântico em que o processamento se dá de forma simultânea entre “0” e “1”.
Imagine que eu escrevo em um pedaço de papel, a seguinte frase: “Acesse gilbertonamastech nas redes sociais” e coloque este papel na página 180 de um livro de 300 páginas. Um supercomputador binário, em alta velocidade, rastrearia página por página e diria onde a frase estaria guardada. Um Computador quântico instantaneamente faria a leitura simultânea de todas as páginas e diria: Página 180. Esta capacidade de processamento quântico tornou-se assunto de segurança nacional na maioria dos países, uma vez que nenhuma criptografia, incluindo as mais complexas, resistiriam e seriam imediatamente quebradas, o que inclui riscos militares, vazamento de informações estratégicas, financeiras etc. A criptografia quântica é urgente e seu desenvolvimento corre lado a lado com os avanços desta nova forma de “parir” os Algoritimos do Mundo e transformar radicalmente tudo o que vemos ao nosso redor, inclusive a Informática.
Transhumanismo: A Simultaneidade Quântica da Espiritualidade
Sai Baba, um líder espiritual nascido na Índia em 1926 e falecido em 2011, ano que foi listado como um dos 100 maiores líderes espirituais da humanidade, manifestava dons de materialização de objetos e era conhecido por sua profunda sabedoria, cultura de paz, caridade, compaixão, generosidade e amor universal, com devotos em mais de 170 países.
Entre seus seguidores, acontecia algo inexplicável do ponto de vista científico: quando Sua Santidade recebia os peregrinos nos Centros de Meditação (Ashrams) que mantinha em todo o país, era muito comum que os visitantes levassem consigo diversos envelopes contendo cartas próprias, de parentes e amigos, com perguntas e pedidos diversos. Ao receber os envelopes (há vídeos mostrando estas cenas), imediatamente eram respondidas as dúvidas e atendidas as súplicas por curas. Milhares de depoimentos comprovam essa crença.
Este poder de compreender simultaneamente, sem ler as centenas de indagações e lhes responder mentalmente as perguntas formuladas, transcendendo a lógica linear e as distâncias, não demonstra que a busca tecnológica pela simultaneidade quântica é reflexo de uma capacidade natural da Vida?
Que o entrelaçamento quântico ao invés da vertente utilitarista dos modelos tecnológicos pode ser estudado com mais profundidade para a potencialização da Consciência Humana sobre a natureza transcendente comum à todos? Fritjof Capra, Humberto Maturana e Francisco Varela são cientistas que ousaram pesquisar estas e outras vertentes e nos revelaram possibilidades incríveis sobre as quais as pesquisas acadêmicas e os líderes tecnológicos ainda não se debruçaram sobre o transhumanismo.
Transhumanismo: Chico Xavier submetido a prova da Inteligência Artificial
Francisco Cândido Xavier, foi uma das maiores personalidades espirituais, que o mundo já conheceu. O Médium mineiro nascido na cidade de Pedro Leopoldo em 1910 e falecido em Uberaba no ano de 2002, foi vendedor, tecelão e datilógrafo. Filho de pais analfabetos, tinha apenas o ensino primário mas escreveu aproximadamente 500 obras e 10.000 cartas, cujos conteúdos, foram transcritos através do seu dom mediúnico da “psicografia”. A erudição de sua escrita, a abordagem minuciosa de histórias seculares, as mensagens de conforto aos familiares narradas por seus entes queridos no “além”, a profundidade do seu amor e a reprodução exata do estilo literário de alguns escritores famosos, intrigam até hoje a Ciência.
No ano de 2017, Chico Xavier passou por uma prova de fogo, suas obras, narradas pelos Espíritos de Emanuel (seu Mentor), André Luis e Humberto de Campos foram submetidos ao crivo da Inteligência Artificial que em resumo, analisou os estilos literários dos “autores espirituais”. Após submeter 3 obras de cada um à rede neural de um sistema de aprendizagem profunda (deep learning) dos computadores da empresa Stilingue, dedicada a análise de textos na internet. O objetivo era identificar se de fato, havia distinção nos padrões literários que pudesse ser comprovada, ou seja, se no final da análise havia um padrão, um estilo único. O dom mediúnico empregado, poderia ser naturalmente questionado acerca de sua veracidade.
Esta mesma técnica foi utilizada pela Inteligência Artificial para recriar textos do dramaturgo inglês, Sheakespeare após milhões de dados identificados, comparados e textos reproduzidos com suas características mais fiéis. Neste teste com as obras de Chico Xavier, 3 bots (robôs), foram utilizados para aprender sobre cada autor, recriando textos deles no padrão aprendido. Em seguida, precisavam provar que havia diferença entre os estilos, então confundiram a máquina misturando tudo. O “bot” de um autor deveria escrever com o estilo do autor dissecado por outro bot e assim por diante. Chegaram à conclusão de que os erros, as discrepâncias subiram muito, ou seja, tornou-se impossível para os modelos encontrarem os mesmos padrões literários entre as entidades espíritas, ou seja, Chico passou no teste da IA, pois concluíram com base nesta experiência a diferença marcante do estilo literário dos autores.
A probabilidade dele ter criado e dominado diferentes estilos não pode ser descartada, porém sua genialidade seria igualmente admirável. Admitindo-se esta simultaneidade entre mundos, não estamos justamente tratando de transcendência ou manifestação do potencial quântico contido na mediunidade? Chico detinha também o dom da Psicometria (pelo toque conhecia a vida, as memórias e os pensamentos das pessoas). Ele entrava na onda mental dos Consulentes e sabia o que haviam registrado em cartas sem mesmo abri-las, o que foi comprovado diversas vezes.
Psicografias em Luxemburguês por parte de Chico, em árabe por parte do Médium Divaldo Franco, também ressaltam os mistérios de nossas Tecnologias Espirituais, transhumanismo, muito longe de serem entendidas pelas investigações científicas e tecnológicas, que apesar de disruptivas estão prezas a padrões lineares e cartesianos, de suas visões seccionadas de uma Realidade Maior.
Transhumanismo: Transcendência ou Transferência?
O futuro cibernético, previsto por bilinóarios que defendem o transhumanismo, como Elon Musk, promete o Paraíso Holográfico como recompensa, agora em 2045, quando o ápice, da “Transcendência Humana” será alcançado, ou seja, a “Imortalidade”. Pretendem transferir nossas mentes para um Computador Quântico, preservando memórias, sentimentos e personalidades, o mais puro conceito de transhumanismo. Todo este medo da fragilidade biológica não seria uma enorme oportunidade para alcançarmos uma Consciência Transcendental praticada há mais de 7000 anos na Índia? Os ocidentais começam a entender o sentido quântico da vida, muito lentamente, com a crescente prática do Yoga e da Meditação.
No Contraponto entre Ciência e Espiritualidade não haveriam belas interpretações da Realidade? No entrelaçamento da Vida, o valor extraordinário da impermanência é parte de nosso ciclo de interações. Que tal resgatarmos o Uno Originário, pela via do Amor, da Compaixão, da Generosidade e da Caridade? Que tal regenerarmos nossas mentes e almas, regenerando a Terra e seus ecossistemas, direcionando os trilhões de dólares gastos em armas de destruição ou mesmo os bilhões consumidos para transformarem em bits e bytes as nossas “personalidades falhas” que ainda não alcançaram a verdadeira Consciência de nossa Unidade Cósmica? O transhumanismo já não parece tão convidativo diante destes questionamentos.
É chegada a hora das Instituições ligadas aos Direitos Humanos, as Entidades Religiosas e boa parte dos Cientistas, Filósofos, Psicólogos, Sociólogos e etc levarem a sério o que estes bilionários excêntricos da tecnologia do transhumanismo projetam para o futuro da humanidade e as sérias implicações éticas envolvidas em suas pesquisas e desenvolvimentos.
Se a Inteligência Artificial é como diz Elon Musk, a nossa Ameaça Civilizatória, ele é o novo Messias? Dependemos de sua Salvação? Ao que parece, o Darwinismo Digital insiste em nos gerar medos e impor padrões, antecipando suas vontades egocêntricas de controle sobre o Sapiens Cibernético que estão a projetar para o bom atendimento da supremacia do velho Homo-Economicus reinventado, a “Imagem e a Semelhança” de seus próprios criadores!
Namastech!
Por: Gilberto Lima Jr.
Fonte: futuropia.com