Saneamento verde: tecnologia que transforma esgoto em jardim avança no Brasil

Uma nova solução baseada na natureza desenvolvida pela empresa francesa Phytorestore pode ser uma alternativa para um dos grandes problemas ambientais do tratamento de água e esgoto: o descarte do lodo gerado nos processos convencionais da indústria de saneamento, que acaba incinerado ou indo parar em aterros sanitários. — Estamos em conversas com algumas concessionárias de saneamento para implementar essa solução verde no Brasil — diz Cristiane Schwanka, que assumiu o posto de CEO da Phytorestore Brasil há dois meses com a missão de duplicar os negócios em cinco anos. Engenheira, Cristiane fez carreira no “saneamento cinza”, tendo trabalhado na Copasa, Sanepar e Iguá.

A solução já está em uso em dois projetos na França e utiliza um sistema batizado de jardim filtrante para fazer a decomposição do lodo e transformá-lo em biomassa, com 100% de reaproveitamento.

Fundada em 2004 por Thierry Jacquet, a Phytorestore é uma empresa de paisagismo e restauração de recursos naturais por meio de plantas. Diferentemente do saneamento cinza, com estações de tratamento de concreto, as estações de tratamento verde da Phytorestore se transformam em jardins ou parques para uso da população. Elas não têm cheiro nem atraem mosquitos, como acontece nas proximidades das estações de tratamento tradicionais.

A tecnologia do Jardins Filtrantes para restauração de rios, lagos e tratamento de efluentes chegou ao Brasil há 20 anos, por um empresário paulista que se mantém anônimo, e que tem a empresa francesa como sócia minoritária. Depois de alguns anos de pesquisas para adaptar a tecnologia — com a identificação de cerca de 200 espécies vegetais nativas para o jardim filtrante tropical —, a empresa passou a atuar no setor industrial. Natura, Magazine Luiza, DSM e L’Óreal, entre outras, utilizam os jardins filtrantes para tratar seus efluentes industriais ou de escritórios. Foram 20 projetos realizados, totalizando cerca de R$ 100 milhões.

Mais recentemente, a empresa começou a fazer parcerias com prefeituras. Em Niterói, a tecnologia foi usada para despoluir uma lagoa, com a criação do Parque Orla de Piratininga. Em Recife, o Riacho do Cavouco agora deságua limpo no rio Capibaribe graças ao jardim filtrante, um projeto de R$ 8 milhões. Belém também já possui um jardim filtrante. E o governo do Amapá anunciou na COP 28 um projeto orçado em US$ 100 milhões para a construção de um grande parque ecológico, com museus e outros equipamentos públicos e que usará a tecnologia francesa para tratar o esgoto de 40 mil pessoas em Macapá — quase 10% da população da cidade, que está na lanterna da universalização do saneamento, segundo o Instituto Trata Brasil. Para tirar do papel, o governo do Amapá busca atrair financiamento de bancos desenvolvimento internacionais.

Além dos projetos com o setor público, Cristiane também quer levar os jardins filtrantes para projetos de hotelaria e empreendimentos imobiliários que buscam soluções mais sustentáveis para o tratamento de efluentes.

Fonte: Saneamento verde: tecnologia que transforma esgoto em jardim avança no Brasil (globo.com)
Cristiane Schwanka, CEO da Phytorestore Brasil — Foto: Divulgação

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