Mais que conectividade, escolas demandam estratégia, currículo e competências digitais

Em que pese um cenário de maravilhas descrito por integrantes da Anatel sobre as várias ações para ampliar a conectividade internet das escolas brasileiras, o Ministério da Educação aproveitou o seminário sobre conectividade significativa, promovido pela agência e pelo BID, para ressaltar que a parte das redes de telecomunicações, por mais relevante, é apenas o primeiro passo. 

“Conectividade é uma das dimensões. Existem três outras. Para quê essa tecnologia dentro da escola? Essa é a dimensão de ter uma visão estratégica, planejada, das secretarias [de educação], da própria escola para utilização da tecnologia. Tem a dimensão de currículo, não apenas em termos da prática pedagógica do professor, mas como objeto de conhecimento. E a gente ainda tem a parte de formação e recursos educacionais digitais. Ou seja, além de dispositivos, é preciso ter acesso a recursos que sejam direcionados ao aprendizado”, destacou a coordenadora de políticas digitais da secretaria de educação básica do Ministério da Educação, Ana Dal Fabbro. “Não adianta levar simplesmente infraestrutura para a escola, precisamos de todas essas outras camadas acontecendo”, insistiu. 

As ressalvas foram apropriadas diante da proposta do seminário patrocinado pelo BID e reforçam as palavras do próprio presidente da Anatel, Carlos Baigorri, ao abrir o evento no dia anterior: “Conectividade universal sabemos o que é. Mas o que é significativa? Essa reflexão muda o modelo mental da Anatel. O desafio que se coloca é garantir que o acesso às redes de telecomunicações permita usar serviço de forma plena.”

Mas hábitos antigos são difíceis de superar. No painel sobre ‘o papel das políticas e ações federais’, os representantes da agência não conseguiram fugir da lista de incentivos à implantação de redes, sejam nos rios da Amazônia, na cobertura de estradas e, claro, nos R$ 3,1 bilhões do leilão do 5G para conectar escolas públicas. A importância dessas ações não está em discussão – sem conectividade, sequer é possível pensar nas outras dimensões apontadas pelo MEC. Mas como a confirmar as palavras de Baigorri, o modelo mental tem dificuldades de avançar para o conceito de conectividade significativa. 

Por isso mesmo as palavras da coordenadora de políticas digitais do MEC soam como um alerta bem vindo, especialmente diante da proposta do seminário da Anatel e do BID em ampliar os horizontes para além da conectividade como um fim em si mesmo. Especialmente o destaque para garantir que os docentes saibam usar as novas ferramentas digitais. 

“O ponto de maior cobrança no Ministério é a formação de competências digitais. E na parte de formação de professores é muito importante a participação das secretarias de educação, municipais e estaduais. O MEC tem um grande papel de indutor, de apoio técnico, mas isso não pode ser descasado da política educacional das secretarias. Para a tecnologia de fato entregar aprendizagem, que é o que a gente quer, ela precisa ser aliada do professor no desafio pedagógico. Além de saber ligar o computador e acessar a internet, o professor precisa saber como usar isso como ferramenta pedagógica, como usar para alfabetização, para o letramento em português e matemática, e para tantos desafios quando a gente olha o ensino médio. Então essa formação em competências digitais precisa estar integrada à estratégia pedagógica, tendo o MEC como indutor mas muito das secretarias de conseguir cada vez mais integrar na estratégia pedagógica e formativa.”

Fonte: Mais que conectividade, escolas demandam estratégia, currículo e competências digitais – Convergência Digital – Inclusão Digital (convergenciadigital.com.br)

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