Será que nossa caminhada precisa ser ainda solitária?

Quando o assunto é empreendedorismo nas áreas de tecnologia e inovação, muito se fala sobre aportes, fundos de venture capital, exit e o próximo M&M do ecossistema – mas, infelizmente, ainda pouco se escuta sobre o papel das mulheres nestes mercados, principalmente em posições estratégicas.

Eu atuo no mercado de startups e inovação há quase dez anos, já estive dos “dois lados” do balcão. Minha primeira experiência neste mercado foi liderando a área de comunicação de uma startup que até então era uma das mais promissoras do mundo. Hoje, estou à frente de um grupo de comunicação que atua, principalmente, com esse perfil de companhia e atende mais de 70 clientes.

Nesses quase dez anos eu evolui muito como profissional e eu atribuo grande parte deste crescimento a minha capacidade de, literalmente, tomar o meu lugar – sim, nós, mulheres, precisamos ocupar os lugares que acreditamos ser nossos e que merecemos. Parece algo óbvio, mas muitas vezes é difícil quando precisamos manter nossas cabeças erguidas mesmo quando alguém (do sexo oposto) tenta nos diminuir com comentários inadequados e totalmente fora do contexto – o que acontece constantemente.

Imaginem só, eu já fui rotulada como “a eterna estagiária” por um CEO de uma agência que descobriu que eu, a nova empreendedora do mercado, tinha sido convidada para participar da mesma concorrência que ele, uma agência com anos de operação. O mercado pode ser brutal.

Outro ponto que eu atribuo a essa minha evolução é a capacidade que eu tenho de estar ao lado e me conectar verdadeiramente com diversos tipos de perfis. Em um cenário no qual, de acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), em 2021 apenas 16,9% das fundadoras de startups eram mulheres e apenas 20,8% das startups têm um número mais expressivo de presença feminina, nós precisamos ter as pessoas certas ao lado. O conceito de comunidade nunca foi tão necessário.

Estar ao lado das pessoas certas ou ser membro de um grupo, na minha opinião, é uma das respostas para quem faz parte deste mercado e quer crescer – e aqui falo em todos os âmbitos. É a empreendedora que está fundando seu negócio, é a estudante que está se formando e sonha trabalhar numa startup, é a executiva que vai passar por uma transição de carreira. Minha dica: faça parte!

Como empreendedora, nos últimos oito anos, eu acompanhei muitas movimentações importantes do mercado, vi muita empresa escalar de uma forma inimaginável, na mesma proporção que vi companhias, literalmente, fecharem as portas. Recentemente entendi que eu posso ajudar outras pessoas – por isso, um dos objetivos que eu tinha este ano foi aplicar o conceito give back para ajudar aquelas que estão passando por momentos que já passei. E adivinhem?! Me tornei mentora de um hub focado em potencializar vozes femininas que estão à frente de startups e DNVBs, a the new squad. Novas membras são super bem aceitas!

Ainda estamos muito distantes do cenário necessário para a igualdade de gênero, mas nestes dez anos em um mercado majoritariamente masculino, eu consigo enxergar mudanças – a passos lentos – que tem como objetivo mostrar toda a potência do feminino em benefício de toda sociedade.

Por Maria Cecília Bere, fundadora e CEO da Fala HUB, grupo de comunicação formado pelas agências Fala Criativa, Fala Labs e Fala You.

Fonte: olhardigital – Será que nossa caminhada precisa ser ainda solitária?

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